sábado, 2 de abril de 2016

Especial Agatha Christie: O Natal de Poirot


              Antes de iniciar a resenha em si, gostaria de comentar que pensamos este especial de Agatha Christie pelo fato desta escritora ser maravilhosa e nunca faltar livros seus para resenhar. Ela também é um ponto em comum de leitura entre as escritoras do blog e assim prestigiamos uma de nossas autoras favoritas!
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            O Natal de Poirot publicado em 1938 da renomada autora inglesa Agatha Christie é mais uma prova de que ela merece seu título de Rainha do Crime. Assim como outras de suas obras, é impossível largar antes do final. Já no início somos apresentados a Gorston Hall, a mansão da família Lee, e ao seu dono, o rico Simeon Lee, que é uma figura desagradável, arrogante e cruel, que não tem muito apreço ao sentimentalismo, tanto que ficou longe de alguns de seus filhos durante muitos anos, mas naquele natal Simeon resolveu que queria reunir toda a família já que ele estava muito doente.

            Agatha constrói de forma fascinante a personalidade dos filhos de Simeon, Alfred Lee mora com o pai na mansão, é visto pelos irmãos como o que correspondeu as expectativas do pai, pois sempre fez tudo o que ele quis, ao contrário de sua esposa Lydia, que desgosta do sogro, e acredita que Alfred é submisso. David Lee se manteve afastado do pai, que sempre o considerou medíocre por alimentar o sonho de ser artista, além de que David foi muito apegado à mãe e nutria um ódio pelo pai pela forma como a tratava, ele sempre acreditou que o velho esteve envolvido com a morte dela, traz sua esposa Hilda para a comemoração. George Lee, membro do Parlamento que se mostra rapidamente ganancioso, casado com Magdalene, vinte anos mais nova. Harry Lee, que contrário aos planos do pai, fugiu para conhecer o mundo, considerado um verdadeiro desastre para a família. Além deles mais duas pessoas são convidadas, Pilar Estravados, única neta de Simeon, da sua filha Jennifer que está morta e Stephen Farr, filho de um amigo de Simeon.

            Durante a véspera de Natal, os convidados reunidos escutam do quarto de Simeon um grito e estranhos barulhos, quando resolvem conferir encontram a porta trancada, e depois de arrombá-la descobrem o velho Simeon em uma poça de sangue, brutalmente assassinado e todos os móveis revirados. O superintendente Sugden fica responsável pelo caso, e convoca o coronel Johnson, que passava o natal com Hercule Poirot, emblemático detetive belga, personagem que é marca de Agatha, e resolve acompanhar o caso. O núcleo familiar problemático de Simeon compõe a lista de suspeitos além dos criados que trabalhavam na mansão, todos eles apresentam ao menos um bom motivo para querer a morte do milionário. O caso se mostra complicado, a porta estava trancada e a arma desaparecida, o criminoso tinha planejado tudo com maestria. Os interrogatórios começam e as pistas são dadas, e somos convidados pela trama a fazer nossas apostas, quem assassinou Simeon Lee?

            Hercule Poirot que fica no caso apenas como consultor, atento a indícios que parecem sem sentido e invisíveis aos outros, o detetive prova sua astúcia. Conforme a investigação segue, mentiras e segredos são revelados, personagens são confrontados pelos problemas do passado e os anos de distância. As razões que teriam motivado o assassinato são manipuladas pela autora, que nos faz pensar e repensar a lista de suspeitos. Acompanhando Poirot e suas pistas, o mistério é desvendado, o final surpreendente é a altura de um mistério sagaz e muito bem construído por Agatha Christie, que sutilmente mostra as cartas ao leitor, mas não torna nada previsível, pelo contrário, para descobrir o assassino antes da revelação é preciso extrema atenção. A leitura não perde nenhum valor caso suas teorias se mostrem erradas, a formulação delas já demonstra a ótima experiência que é ler O Natal de Poirot.

Sorcha

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