segunda-feira, 30 de maio de 2016

Especial Agatha Christie: Cinco Porquinhos





Título: Cinco Porquinhos
Autora: Agatha Christie
Ano da primeira publicação: 1943
Editora: Globo
No de páginas: 320


“Este porquinho foi a feira, este porquinho ficou em casa, este porquinho comeu rosbife, este porquinho não comeu nada e este porquinho  gritou “uí uí uí” até chegar em casa”

Poirot está com uma mania de canções infantis no momento e é esta que vem a sua cabeça enquanto busca a verdade de mais um crime. A verdade é o que prometeu para a jovem que o impressionou ao adentrar seu escritório.

Carla Lemarchart acaba de completar 21 anos e por esta razão recebe uma carta escrita 16 anos antes. A autora é sua mãe, Caroline Crale, que morreu na prisão condenada pelo assassinato de seu marido (pai de Carla), o famoso pintor Amyas Crale. Nesta carta Caroline alega sua inocência. 

         A filha acredita nisso e diz a Poirot que sua mãe era o tipo de pessoa que diria a verdade, mesmo que doesse, para ela a carta bastaria. Entretanto, Carla está noiva e seu noivo tem dúvidas e passa a lançar a ela olhares desconfiados, cheio de medo de uma possível repetição na história. Por esta razão o famoso detetive belga é contratado, como escrito no primeiro parágrafo, promete descobrir a verdade, ainda que o crime tenha ocorrido a 16 anos. Mas isso não é um problema pra quem cultua o uso das células cinzentas.

Poirot vai atrás então das fontes sobre o julgamento e condenação e este é um dos aspectos mais interessantes do livro. Iniciando com as fontes oficiais do processo e usando de sua astúcia característica, conversa com os advogados de defesa e acusação, o superintendente da polícia e em seguida as cinco testemunhas do crime: O melhor amigo da vítima, Philip Blake; o vagaroso irmão deste, Meredith Blake; Elsa Greer, garota presunçosa com quem Amyas estava tendo um caso; Cecília Williams, preceptora de; Angela Warren a meia irmã de Caroline, que tinha apenas 15 anos na época do crime. Após obter o relato oral destas, solicita que enviem um relato por escrito com uma descrição detalhada, com tudo que possam lembrar, por menos importante que pareça.

O livro é dividido em três partes, sendo a segunda os cinco relatos escritos. Incrívelmente não é algo maçante, pois cada narrativa, a despeito de alguns fatos em comum, apresenta vários lados e informações diferentes e junto com Poirot tentamos entender quem foi Caroline Crale e se ela realmente cometeu o crime.

Na terceira parte Poirot volta a cada uma das testemunhas com uma pergunta para cada e por fim reúne a elas, Carla e seu noivo para apresentar sua versão dos fatos, reconstituindo o crime.

Envolvente e intrigante é um livro desafiador. Como historiadora em formação achei brilhante o uso das fontes e a verossimilhança com as divergências narrativas, sempre nos fazendo contextualizar: quem fala? E duvidar e inquietar-se diante das informações. 
 A Garota das Laranjas

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