segunda-feira, 16 de maio de 2016

Desventuras em Série - Lemony Snicket

Título: Desventuras em Série
Autor: Lemony Snicket
Ano de publicação: 1999-2006
Nº de páginas: muitas
Editora: Companhia das Letras

           Desde o anúncio de que haveria uma série da Netflix baseada em Desventuras em Série, me senti na obrigação de ler os livros que despertaram opiniões bastante controversas entre meus amigos. Alguns amam, outros odeiam, e a maioria abandonou na metade. 
Sim, ao chegar na metade também senti o desejo quase irresistível de deixar de lado e nunca mais encostar nos livros. No entanto, superei o instinto, meu orgulho de leitora venceu a batalha e terminei a série. Isto posto, iniciemos a resenha. 
Desventuras em Série é em grande parte o que o título afirma, entretanto, muitas problemáticas são abordadas e conferem um grau de profundidade à leitura que não está evidente para o público em geral. Neste sentido, os órfãos Baudelaire, Violet, Klaus e Sunny, são alvo de inúmeros eventos desagradáveis, como o autor faz questão de ressaltar a todo momento, mas para além do "simples" fato de órfãos serem jogados de um lado para o outro, percebemos uma crítica contundente à nossa sociedade. Ao longo da série os adultos parecem incapazes de prover segurança aos irmãos que por sua vez devem resolver seus problemas sozinhos. Mais que a incapacidade de cuidar de órfãos, os adultos não prestam a menor atenção às crianças das quais estão encarregados. 
A princípio, o grande problema dos irmãos Baudelaire é o terrível Conde Olaf, cujo propósito na vida é colocar as mãos na fortuna da família Baudelaire. Mas com o amadurecimento dos personagens principais, o leitor percebe que não é possível separar bons de maus personagens. Em inúmeros casos são justamente os personagens "do bem" que decepcionam e contribuem para as desgraças que parecem intermináveis. 
Neste sentido, a partir do volume intitulado O Hospital Hostil, Violet, Klaus e Sunny se interrogam acerca de seus próprios atos e se estes não seriam tão vis quanto os do repugnante conde Olaf e seus comparsas. Talvez este seja o ponto central dos livros e que será melhor desenvolvido nos últimos números. Se trata de um amadurecimento do próprio leitor, levando em consideração que esta obra é voltada para o público infantil, que a princípio segue uma lógica maniqueísta para a divisão dos personagens entre vilões e mocinhos, e que ao fim também irá se questionar acerca do assunto. Este amadurecimento atinge até mesmo a visão que os Baudelaire possuem dos próprios pais. 
Neste ponto você pode se perguntar: mas qual é o motivo para tanta desistência? 
Em primeiro lugar creio que isso se deve ao fato do escritor incentivar o leitor a abandonar o livro em prol de outro mais alegre. O tempo todo. Uma hora alguém o ouvirá. Outro motivo que me parece válido mencionar é que muitos, como eu, começaram a série mais velhos e a experiência de amadurecimento em muitos casos já se passou com outras séries (no meus caso, Harry Potter). O leitor abandona antes da "virada" da história, antes que se arrependa de ler 13 livros com a mesma moral. Por fim, o meio da história se torna cansativo, o leitor sente, ao menos eu senti, que os livros parecem uma cópia dos primeiros volumes e chega ao ponto de saber exatamente o que vai acontecer e então pensa: será que aturarei isso em todos os livros por vir? Soma-se isso aos motivos anteriores especialmente ao apelo do escritor para que você largue a história, bom não é difícil imaginar o resultado. 
Entretanto, conheço pessoas que adoraram a série do início ao fim e não sentiram vontade de desistir. Então somente ao ler você saberá a qual grupo pertence. 
Como mencionei, há um Plot Twist  - na verdade não sei se esta é a palavra mais adequada, pois se trata mais de uma "descoberta" - na história que a meu ver redimiu a monotonia do meio. Ainda não sei dizer se este elemento realmente superou o esforço que empreendi para continuar a ler, mas ao chegar ao fim as coisas parecem fazer sentido e o desenlace da história, se não foi genial, a meu ver foi incrivelmente adequado. 
Assim, concluo que as Desventuras em Série, sob minha perspectiva, possui alguns livros muito bons, mas se estende demasiadamente em 13 volumes. Ou seja, o autor poderia contar a mesma história em menos livros que a diferença não seria crucial – bom talvez eu apreciasse melhor a série caso ela não se prolongasse tanto haha. Sinta-se completamente à vontade para discordar. 
OBS: o autor faz inúmeras referências a outras obras, escritores, inventores, estudiosos; basta que você esteja atento. 
Nynaeve

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