segunda-feira, 31 de outubro de 2016

As crianças do milharal - Stephen King





Título: As crianças do milharal

Autor: Stephen King

Ano da primeira publicação: 1977

Editora: Francisco Alves

No de páginas: 62

            Dentre as obras de Stephen King que li, e não foram muitas, esta é sem dúvida a que mais gostei. Este é um conto publicado em 1977 na revista Penthouse e compilado no ano seguinte em um volume de contos de King, Night Shift. Já ouvi muitos comentários no sentido de que King possuiu sérios problemas com o fim de seus livros e, pelo que li, concordo com a afirmação; entretanto, As crianças do milharal certamente foge a esta lógica.


            A narrativa possui como personagens principais Burt e Vicky que esperam salvar seu casamento em crise ao cruzar o país rumo à Califórnia. Esta introdução é interessante para apresentar os protagonistas, seus dramas pessoais e especialmente uma reflexão sobre o relacionamento entre eles prestes a ruir. Esta temática também aproxima o leitor, uma vez que certamente todos já ouviram alguma história sobre divórcio ou até mesmo passaram por esta situação. Contudo, logo o elemento terror se entrelaça à história alterando os rumos do enredo. A partir do momento em que eles decidem viajar por uma rodovia secundária, eventos sobrenaturais, ou talvez não tão sobrenaturais assim, começam a por em risco as vidas e sanidade de Burt e Vicky.

            Creio que deste ponto em diante prosseguir em uma descrição dos acontecimentos seria estragar as surpresas do conto, mas como o título sugere, crianças e milharais estão envolvidos. Portanto, passo para uma reflexão sobre os temas abordados pelo autor.

            Dentre os aspectos da narrativa de King se destacam, não apenas neste conto, mas em diversos livros, as ferrenhas críticas aos fanatismos religiosos, especialmente os que possuem como base passagens do Antigo Testamento que incitam a violência assim como remetem a um Deus impiedoso e vingativo. No caso deste conto específico, King desenvolve as possíveis consequências decorrentes de leituras extremante seletivas e excludentes do texto bíblico.

            Em relação às criticas negativas a King, sinto a necessidade de responder àquelas que consideram suas histórias como uma união de clichês com um ou outro elemento inovador. Vale lembrar que muitos dos clichês de terror hoje tão presentes seja em livros ou em filmes (aliás, As crianças do milharal possui uma adaptação cinematográfica de 1984) foram inaugurados ou reformulados por Stephen King que os utiliza de maneira geral com notável maestria.

            Por fim, só posso deixar aqui minha recomendação de leitura e anunciar àqueles que já conhecem King: o conto é excelente. Para quem ainda não tenha lido nada do autor, sugiro que inicie por este pequeno conto.
Nynaeve

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