Título: As
crianças do milharal
Autor:
Stephen King
Ano da
primeira publicação: 1977
Editora:
Francisco Alves
No de
páginas: 62
Dentre as obras de Stephen King que
li, e não foram muitas, esta é sem dúvida a que mais gostei. Este é um conto
publicado em 1977 na revista Penthouse
e compilado no ano seguinte em um volume de contos de King, Night Shift. Já ouvi muitos comentários
no sentido de que King possuiu sérios problemas com o fim de seus livros e,
pelo que li, concordo com a afirmação; entretanto, As crianças do milharal certamente foge a esta lógica.
A narrativa possui como personagens
principais Burt e Vicky que esperam salvar seu casamento em crise ao cruzar o
país rumo à Califórnia. Esta introdução é interessante para apresentar os
protagonistas, seus dramas pessoais e especialmente uma reflexão sobre o
relacionamento entre eles prestes a ruir. Esta temática também aproxima o
leitor, uma vez que certamente todos já ouviram alguma história sobre divórcio
ou até mesmo passaram por esta situação. Contudo, logo o elemento terror se
entrelaça à história alterando os rumos do enredo. A partir do momento em que
eles decidem viajar por uma rodovia secundária, eventos sobrenaturais, ou
talvez não tão sobrenaturais assim, começam a por em risco as vidas e sanidade
de Burt e Vicky.
Creio que deste ponto em diante
prosseguir em uma descrição dos acontecimentos seria estragar as surpresas do
conto, mas como o título sugere, crianças e milharais estão envolvidos.
Portanto, passo para uma reflexão sobre os temas abordados pelo autor.
Dentre os aspectos da narrativa de
King se destacam, não apenas neste conto, mas em diversos livros, as ferrenhas
críticas aos fanatismos religiosos, especialmente os que possuem como base
passagens do Antigo Testamento que incitam a violência assim como remetem a um
Deus impiedoso e vingativo. No caso deste conto específico, King desenvolve as
possíveis consequências decorrentes de leituras extremante seletivas e
excludentes do texto bíblico.
Em relação às criticas negativas a
King, sinto a necessidade de responder àquelas que consideram suas histórias
como uma união de clichês com um ou outro elemento inovador. Vale lembrar que
muitos dos clichês de terror hoje tão presentes seja em livros ou em filmes
(aliás, As crianças do milharal
possui uma adaptação cinematográfica de 1984) foram inaugurados ou reformulados
por Stephen King que os utiliza de maneira geral com notável maestria.
Por fim, só posso deixar aqui minha
recomendação de leitura e anunciar àqueles que já conhecem King: o conto é
excelente. Para quem ainda não tenha lido nada do autor, sugiro que inicie por
este pequeno conto.
Nynaeve
Nenhum comentário:
Postar um comentário