Autor: Joe Hill
Ano de publicação: 2007
Editora: Sextante
Nº de páginas: 256
A estrada da noite
foi publicado em 2007 por Joe Hill, sendo o primeiro romance do autor que antes
trabalhava com quadrinhos, mas logo aposta no gênero o qual seu pai, Stephen
King, é renomado, o terror. Assim que descobri que Hill era filho de King
fiquei bastante curiosa para saber qual seria o caminho tomado pela narrativa,
se ela se assemelharia em alguns momentos ou se seria algo muito diferente, e
posso dizer que consegui identificar ambas as situações.
O protagonista do livro é pouco
usual, Judas (Jude) Coyne, é uma lenda do rock pesado agora aposentado, ficou
imensamente famoso com sua banda, mas atualmente na casa dos cinquenta anos, trabalha
como artista solo depois que um dos seus companheiros de banda se suicidou. Conhecido
por seu estilo gótico e macabro, é aquela pessoa que gosta de colecionar itens
estranhos, assim como namoradas mais novas, típico de seu estilo de vida. Nesse
momento ele está com Geórgia, que é uma personagem muito cativante, muito mais
fácil de gostar nesse início por ter características bem dinâmicas, enquanto o
roqueiro é prepotente e arrogante, mas ele vai mudando ao longo da narrativa, o
que é muito importante para que o leitor crie empatia por ele.
Tudo se inicia quando Jude recebe um
e-mail de um leilão, no qual o produto oferecido é o paletó do padrasto (morto)
da vendedora. Segundo ela o que realmente estava vendendo era seu espírito,
pois ele estava ligado à peça de roupa. Achando tudo muito engraçado e tomando
uma postura descomprometida (como um típico protagonista do gênero) o roqueiro
compra o paletó. Quando o objeto chega, em uma caixa com formato de coração,
algumas coisas começam a parecer suspeitas, como Jude chegou aquele leilão, por
exemplo. Mas ele realmente não acredita, até que começa a enxergar um fantasma,
e percebe que na verdade o que comprou foi uma sentença de morte.
É importante enfatizar que em um
primeiro momento a história apresentada parece ser um pouco fraca, no sentido
de não conseguir sustentar um terror que fosse assustador. No início, devo
confessar que essa impressão é bastante forte, pois Jude e Geórgia aos poucos
vão compreendendo que a situação é muito séria, então as primeiras 100 páginas
são um pouco confusas sobre como a história se seguirá. Principalmente porque
Jude descobre que o leilão foi na verdade foi uma armadilha, criada por Jessica
Price irmã de uma de suas antigas namoradas, Anna, que se suicidou depois que
ele a dispensou. Jessica diz que a culpa da morte de Anna é de Jude, e seu modo
de fazer justiça é mandando à ele o padrasto que tanto amou a pobre Anna.
Com essas informações Jude vai atrás
de descobrir quem efetivamente são essas pessoas, porque apesar de ter namorado
Anna durante algum tempo, ela não era de falar muito sobre a família e preferia
ficar longe deles. Uma coisa interessante que Hill apresenta são os flashbacks
de quando Jude estava com Anna, o que ajuda a desenvolver sua personalidade
mesmo estando morta, pois ela tem um papel central já que estamos falando de um
livro onde o sobrenatural está entrelaçado a história com naturalidade. Jude
descobre que o morto, que agora ele tem certeza que não está lá só para
assombrá-lo, mas para matá-lo é Craddock McDermott, famoso por trabalhar com hipnose,
o que ao meu ver é uma grande sacada de Hill, porque mais assustador do que ser
perseguido por um fantasma, é estar a mercê de um que pode controlar todas as
suas ações, inclusive fazendo com que você mate alguém que gosta, e viva para
conviver com isso.
Jude e Geórgia deixam a casa e pegam
a estrada para ir atrás de Jessica Price, e fazê-la arrumar toda aquela
situação. Até chegarem a Flórida eles quase morrem uma série de vezes, como
continua acontecendo durante todo o livro. Jude confronta Jessica e vai
descobrindo aos pouco que o suicídio de Anna tem muitos aspectos mal contados
envolvendo Jessica e Craddock. Mesmo assim o fantasma não os deixará em paz, e
eles recorrem ao mundo sobrenatural na tentativa de sobreviver a essa vingança.
A história passa rapidamente daquela
sensação de brincadeira para uma narrativa eletrizante e assustadora, o que é
bastante curioso, por ser a mesma forma como Jude encara a situação ao comprar
um fantasma que quer desgraçar sua vida. Os personagens são muito bem
desenvolvidos, retornamos ao passado de Jude, Geórgia, Anna o próprio fantasma,
para compreender melhor porque se tornaram aquelas pessoas, como estão
relacionados diretamente e ainda para trazer uma justificativa plausível para a
vingança, pois Craddock não é um fantasma qualquer apenas perseguindo alguém,
pois é essa sua função, Hill torna mais complexa suas motivações, o que é muito
importante na construção de uma história de terror. Hill é bastante competente
ao tornar o livro aterrorizante, mesmo com algumas particularidades que
parecerem forçadas, no geral é uma incrível leitura para quem gosta do gênero.
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