Título: 1984
Autor: George Orwell
Ano de Publicação: 1949
Nº de Páginas: 277
Editora: Companhia Editora Nacional
Guerra é Paz
Liberdade
é Escravidão
Ignorância
é Força
“Duplipensar
quer dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças
contraditórias, e aceitá-las ambas”
Winston
Smith é um funcionário do Ministério da Verdade, e sua principal tarefa é
mentir.
É
sob a perspectiva de Winston Smith que somos apresentados às ideologias do
Partido, uma espécie de entidade que controla a tudo e a todos em Oceania. O
Partido tem como seu principal líder o Grande Irmão, a entidade dentro da
entidade. Nesse mundo o controle sobre a população é total. O governo sabe o
que o individuo come, onde ele trabalha, suas relações, cada passo que dá, o
que ele diz ou faz e, principalmente, o Partido tem controle sobre o pensamento
da população.
Logo
de inicio percebemos que Winston não se ajusta perfeitamente bem às filosofias
do Partido, ainda que ele se esforce para transparecer como um perfeito membro
do partido, intimamente ele não pertence à ordem do mundo, mas a si mesmo. Seu
objetivo maior é se ver livre de todo esse sistema, o que o mantém lúcido são suas
memórias e seus ideais, são estas suas válvulas de escape.
A
sociedade projetada pelo Partido não abarcava as classes mais pobres (as
chamadas proles) em seu modelo perfeito. Havia quatro grandes ministérios,
estes compunham o Partido, o Ministério da Paz responsável pela guerra, o
Ministério da Fartura que cuidava das questões econômicas, mas tinha,
sobretudo, a função de controlar a distribuição de comida à população, o
Ministério do Amor cujo papel era manter a Lei e Ordem, dentro, claro, dos
princípios do Partido. E por fim, o Ministério da Verdade cuja principal função
era mentir, ou melhor, manipular e controlar o passado, o presente e também o
futuro. Winston era um dos funcionários desse ministério, seu trabalho era
alterar notícias, notas, qualquer coisa que desmentisse os discursos do
Partido. O passado é alterado a todo instante, a memória é sempre fabricada e
no momento que ela é alterado todos aceitam sem questionar, como se sempre
tivesse sido desse jeito. “Quem controla o passado dirige o futuro. Quem dirige
o futuro conquista o passado”
A
vida de Winston começa a mudar quando se envolve com Júlia e O’Brien, aquilo
que antes existia apenas no campo das ideias passa a existir mais
concretamente. São principalmente esses dois personagens que dão um impulso
maior na história, e que levam Winston a tomar uma direção.
É
possível dividir o livro em três grandes partes. A primeira introdutória, que
acompanha o cotidiano de Winston, e que também tem como função nos apresentar
ao mundo idealizado pelo Partido, suas filosofias, sua composição política e a
sociedade, completamente controlada pelo governo. A segunda parte é o momento
que o personagem principal deixa somente existir passivamente e começa existir
um pouco mais ativamente, onde a história ganha movimento. E por fim a terceira
e última parte, que pode ser considerada como o grande clímax da história, e
por mais estranho que isso possa parecer (e eu posso estar completamente errada
quanto a isso) não significou uma grande reviravolta. O último capítulo torna,
ao menos pra mim, o final um tanto quanto ambíguo, abrindo espaço para mais de
uma interpretação sobre como tudo terminou de fato.
É
apavorante pensar que a filosofia do Partido é tão bem construída, que quase
chega-se ao ponto de acreditarmos que ela possa estar certa. Tomo o exemplo o
momento que um dos personagens problematiza a noção de liberdade, como nos
dizeres do Partido “Liberdade é Escravidão”, pois a liberdade significa
estarmos sozinhos, e sozinhos nada conquistamos, é bom sermos escravos de seu
sistema, porque ele cuida de você. E por mais que você tente resistir o sistema
vai te vencer. O Partido tirará de você a capacidade de pensar, de construir
ideias próprias. Te impossibilitará de simplesmente SER, tomará toda a sua
humanidade.
“A
crimideia não implica a morte. A crimideia é a própria morte”
O
grande mérito de 1984, além de sua originalidade, é genialidade de George
Orwell, que soube construir perfeitamente bem o universo do livro, e também a
grande atmosfera desse mundo. O fato de reconhecermos elementos de nossa
realidade, mesmo tendo sido escrito há mais de 60 anos, é extremamente
incomodo. Orwell expôs na ficção a realidade que ele viveu, período este das
duas grandes guerras e também o momento que encaminhava o auge da Guerra Fria.
Período de constantes conflitos internos e externos, tal como escreve em 1984
“Guerra é Paz”.
Não
nos falta hoje histórias cuja temática é sobre um mundo distópico. Nem é
necessário uma pesquisa muito extensa para encontrar tais histórias, Jogos Vorazes e seus derivados são os exemplos mais
recentes, mas essa lista vai muito além. Exemplo maior é a HQ V de Vingança, cuja inspiração ao clássico de George
Orwell é gritante. Todos esses e outros tantos beberam, bebem e beberão da
fonte de 1984 que foi, sem sombra de dúvidas, um grande marco não só na
literatura, mas na cultura pop em geral.
Ana
Terra
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